quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Russia-gate real tem a ver com derrubar Hillary

17/10/2017, Tom Luongo

Hillary Clinton acabará presa. Anotem o que digo. E Julian Assange é o arquiteto da destruição dela. Como sei disso? Simples. A barragem de contenção já está rachando.







Artigo de hoje cedo em The Hill denuncia sem meias palavras a colusão entre o Departamento de Estado de Hillary e funcionários russos de alto nível, para a venda de grande parte da produção de urânio dos EUA para a Rosatom, a gigante estatal russa de energia nuclear.

O artigo é mortal. Nem consigo extrair trechos, porque tudo é explosivo. É preciso ler na íntegra e pensar sobre a gravidade do que lá se diz.


Mas o que o artigo revela nem é o mais importante. Quem tenha assistido ao documentário de M. A. Taylor "Clinton Cash"[Dinheiro de Clinton] já conhece a história. É filme coescrito e coproduzido por ninguém menos que Steven K. Bannon, cabeça de Breitbart e o homem responsável pela expressão "Presidente Trump."

O que importa realmente é a oportunidade e o contexto. Com Julian Assange prometendo grande distribuição pública de dados, e Hillary na Inglaterra vazando pela boca sem parar, atacando deus-e-o-mundo, especialmente Assange, a publicação daquele artigo clama aos céus que os ratos estão abandonando o navio S.S. Clinton, que naufraga.

Cenário

Steve Bannon deixou a Casa Branca um dia depois que o deputado Dana Rohrabacher (R-CA) reuniu-se com Julian Assange na Embaixada do Equador em Londres. Assange forneceu a Rohrabacher informação que, disse o Deputado, pode derrubar grande parte do governo dos EUA.


Com Bannon já fora da Casa Branca, ele pôde instalar-se em Breitbart, o ponto certo para causar o máximo dano ao pessoal contra o qual Trump se prepara para agir. Fora da Casa Branca, Bannon pode distribuir informação, sem o temor de vazamentos 'internos'.

E que informação seria essa? Só algum herdeiro do trono do reino dos imbecis ainda não sabe o que é.

É a pistola fumegante que une e arranja todas as peças do sórdido affair Seth Rich – "O nome era Seth Rich" – e todos ali envolvidos. A mesma pistola fumegante que, por extensão, desmascarará todas as acusações do "Russia-Gate" como sonho febril de uma encurralada e apavorada liderança do Comitê Nacional Democrata, incluindo Lady Macbeth em pessoa, Hillary Clinton.

Na verdade, a história é até maior que isso, como sugere a matéria de hoje cedo em The Hill. Russia-Gate foi simplesmente movimento técnico clássico de distração, pelos Democratas, para afastar a opinião pública de outra questão na qual estavam em posição muito vulnerável: acusar a oposição de ter feito coisa quase idêntica à que os próprios Democratas fizeram. Com isso, se dilui o impacto da exposição iminente dos crimes dos Democratas, e cansa-se a opinião pública, já incapaz de separar narrativas falsas, das verdadeiras, misturadas pouco antes de surgirem as provas e de a verdade vir à tona. E a imprensa-empresa encontra material pronto com o qual fazer sua velha dança estúpida, de 'demonstrar' todas as mentiras e 'comprovar' o que jamais aconteceu.

Não esqueçamos que quem trouxe a história à tona, em primeiro lugar, foi Trump, durante a campanha, ano passado. Não tenho dúvidas de que Bannon contou-lhe que era questão de ponta, que destruiria Hillary.

E funcionou. Porque daquele momento em diante, Hillary pôs-se a acusar Trump de estar 'vendido' à Rússia, quando Trump disse que era possível para os norte-americanos sermos amigos da Rússia.

A tentativa de pintar Trump como fantoche dos russos não passou de operação de propaganda psicológica descarada, prevista para agitar e turvar a água e ocultar a clara conexão Clinton-Rosatom, escândalo encoberto pela ação coordenada com o ramo executivo do governo Obama.

É mentira de proporção tão épicas, que as acusações e o uso de dinheiro público para investigar fantasmas obviamente inventados também foram previstas para levar fatalmente – só as acusações e dinheiro sem limite – a indiciamentos e condenações.

Porque a verdadeira história de colusão é que Hillary e membros do alto escalão do governo Obama foram culpados não só de espionagem e, possivelmente, de traição, mas também de conspiração – porque, mantendo permanentemente aberta a investigação pelo FBI, conseguiam manter todo o caso bem longe dos olhos da opinião pública e do Congresso.

Do artigo em The Hill:


"Em vez de imediatamente encaminhar as acusações logo em 2010, porém, o Departamento de Justiça continuou sempre a investigar o 'caso' por quase mais quatro anos. Com investigações em andamento, as próprias investigações e eventuais conclusões puderam ser mantidas ocultas, longe da opinião pública e do Congresso – sobre o outro caso, esse de corrupção real e praticada em solo norte-americano num período em que o governo Obama tomou duas importantes decisões que beneficiaram as ambições nucleares comerciais de Putin" [negritos de Tom Luongo]

A reviravolta

O que nos leva à razão pela qual o artigo de The Hill é tão importante. Lembrem que em política não há coincidências: tudo é jogo de ação/reação. O tour de Hillary para divulgar seu livro pode ser facilmente visto como sua última tentativa para convencer alguém (qualquer um/uma) de que Trump e Assange são agentes russos.

Mas fato é que já ninguém presta qualquer atenção a Hillary. Já mais parece a louca-do-quarteirão, que corre pelas calçadas gritando "Rússia! Rússia!"

The Hill, ao publicar essa matéria, está tão longe do campo da esquerda quanto o New York Times aparecer com a história de Harvey Weinstein. São movimentos num tabuleiro de xadrez. Já disse um dia desses que estou convencido de que Bannon está por trás da exposição do 'caso' Weinstein. Aqui está a confirmação. Expor Weinstein foi ataque direto contra Hillary. E neutraliza qualquer tentativa de inventar alguma equivalência moral com Trump. Mais que isso, com Bannon já fora da Casa Branca, esvazia-se qualquer caminho que leve a apontar a Casa Branca de Trump ou o próprio Trump como 'fonte'.

De fato, já perceberam que Trump falou muito pouco sobre Weinstein? Mr. Twitter em pessoa manteve máxima discrição. Deixou que a coisa se desenrolasse por dinâmica própria. Quem divulgou essas histórias manteve o bico fechado, porque já não temem o potencial de algum eventual 'revide' da Clinton.

Hillary não é presidente. Todos os dias perde poder, cada dia tem menor influência. Tornou-se risco para todas as pessoas que algum dia ela comandou. A única coisa que ainda mantém Hillary fora da cadeia até agora é que todos aqueles ainda dão tratos à bola à procura de um modo de metê-la na cadeia sem que ele arraste consigo gente demais.

Obama quer vê-la longe, para poder controlar o Comitê Democrata Nacional. Trump quer vê-la longe porque ela é culpada e ele ainda deve aos seus eleitores aquele escalpo. Mas não é fácil derrubá-la, sem empurrar, com ela, também Obama. E Obama não pode ser destruído, porque a destruição dele levaria a uma guerra civil entre campos racializados.

Todos odeiam Hillary, mas Obama e Trump estão atados num dilema do prisioneiro, de quem enfia a faca primeiro. (...) 

Direto no olho do alvo 

Julian Assange quer de volta a própria vida. Provar que Seth Rich foi o vazador no Comitê Democrata Nacional não basta para lhe garantir um perdão que lhe permita sair livre da Embaixada do Equador sem ser morto na calçada.

O único modo de Assange conseguir o que quer é Trump, Bannon e Assange montarem a coisa de tal modo que Hillary seja presa e leve com ela alguns poucos da gangue de Obama; o FBI estará vingado e Obama se safa praticamente sem arranhões.

Em troca, Assange ganha o direito de viver porque, depois de ele ter provado a verdade de tudo de que Hillary foi acusada, o assassinato dele dispararia mais uma onda de sangue em território dos EUA, para a qual o país não está preparado.

No processo de destruir alguém como Hillary, você só tem uma bala. É preciso pressionar ao máximo o pessoal que a cerca e fazê-los temer e dar as costas a ela, para salvar a própria pele. Bannon e Trump já fizeram essa parte. Tão logo o processo seja desencadeado, os tremores rapidamente virarão avalanche.

Hillary terá por mortalha as próprias mentiras. E o coro dos #EuTambém crescerá ao ritmo em que bandidos da gangue dela desertarem, revelando segredos talvez mais horrendos do que os norte-americanos estamos preparados para ouvir.*****

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