sábado, 18 de março de 2017

Muito triste: ataque furioso de Fed/Bancos Centrais contra os trabalhadores

17/3/2017, Mike Whitney, Counterpunch











Para o Brasil, ver Presidente do Banco Central do Brasil [NTs].




Por que o Fed-EUA elevou seus juros referenciais, mesmo com a inflação ainda abaixo da meta, com os salários fortemente arrochados e a economia que não chega nem a 1% de crescimento?

Essa pergunta foi feita a [presidenta do Fed-EUA Janet] Yellen numa conferência de imprensa na 4a-feira, um dia depois de divulgado o informe da Federal Open Market Committee, FOMC (Comissão de Mercado Aberto do Fed, uma das mais importantes comissões que compõem o Federal Reserve System). A resposta ajuda a ver como o Fed-EUA [e o mesmo vale para o Banco Central do Brasil (NTs)] toma suas decisões políticas baseado em fatores que a maioria das pessoas jamais consideraria. Eis o que disse a presidenta do Fed:


Janet Yellen– “Bem, vejam... nossa política não é coisa fixa. Depende do momento e nós – nós não estamos presos a qualquer específica trilha política. Como você disse, os dados não se fortaleceram de modo notável.”

Tradução – Depois de dizer que o Fed toma decisões baseado em dados, Yellen faz uma volta de 180 graus e diz que os dados não mudaram. Vão vendo.

Janet Yellen– “Sempre há muito ruído nos dados de um trimestre para outro. Mas não mudamos nossa posição quanto ao resultado.”

Tradução – O Fed conta com que o crescimento econômico continue pífio (2% ou abaixo disso).

Janet Yellen– “Não mudamos o resultado, não estamos projetando crescimento mais rápido.”

Tradução – O Fed deseja manter ambiente de crescimento lento para continuar com sua política de “dinheiro fácil” que beneficia Wall Street.

Janet Yellen– “Entendemos que continuamos na mesma trilha em que já estávamos, mas essa trilha envolve gradual arrocho no mercado de trabalho [orig. We think we’re moving along the same course we’ve been on, but it’s one that involves gradual tightening in the labor market.]”

Tradução  — Ah hah! Agora começa a fazer sentido. Agora já se pode entender do que trata, mesmo, o aumento nos juros. Tem a ver com a minúscula melhoria que se viu no mercado de trabalho. Para Yellen, qualquer melhoria nesse 'item' dispara uma enorme bandeira vermelha.

Janet Yellen– “Eu diria que algumas medições dos salários deram sinal de crescimento.”

Tradução – Todas as unidades de combate! Atenção! Todas as unidades de combate! Alerta vermelho! Alerta vermelho! 

Janet Yellen– “Algumas medições não se alteraram, mas há sinal também sugestivo de que o mercado de trabalho se fortaleceu.”

Tradução – “Também sugestivo”?! Em outras palavras, um mero sinal de melhora no mercado de trabalho – que poderia levar a aumento nos salários – já basta para pôr Yellen em surto frenético de aumento dos juros? O que ela está dizendo é isso? 

Janet Yellen– “E esperamos que a política continue em acomodação ainda por algum tempo.”

Tradução – Assim sendo, Wall Street, não se preocupem: não estamos interrompendo o fluxo de dinheiro barato! Só precisamos dar essa beliscada, para conter o risco de aumento nos salários.

Janet Yellen– “Estamos falando portanto de uma via gradual, para remover a política de acomodação, ao tempo em que a economia continua a mover-se na direção da neutralidade.”

Tradução – Estamos de olhos bem abertos, atentos a qualquer mínimo indício de aumento nos salários, mas continuaremos a pagar pelo dinheiro menos q a inflação, de modo que a classe dos investidores consiga escapar, feito bandoleiros.

Janet Yellen– “Mas continuamos a garantir que a economia se acomode, isto é, permitindo que cresça nos limites e acima do ritmo consistente com novas melhorias no mercado de trabalho.”

Tradução – Asseguraremos que a economia não cresça mais depressa que 2% do PIB no futuro, porque assim continuamos a garantir crédito barato aos nossos patrocinadores em Wall Street, os quais precisam de dinheiro remunerado abaixo da inflação, para que ações e papéis continuem inflados, com preços estratosféricos. Entendemos também que o aumento que se viu nos salários foi apenas uma piscadela no radar. Mas, mesmo assim, estamos preparados para aumentar os juros, até que a ameaça de aumento nos salários tenha sido completamente debelada.


Significa que o Fed não mudou nem a política nem as projeções. Yellen basicamente subiu as taxas de juros porque teve 'um palpite' de que a demanda por trabalho estaria aumentando, o que significa que havia risco de os salários subirem. (Os 'palpites' dela nesse assunto não encontram qualquer amparo nos dados, mas... quem se importa?!) 

Como principal esteio do sistema, o serviço de Yellen é garantir que nenhum salário jamais aumente. Qualquer sinal de melhora nos mercados de trabalho (como salários mais altos ou – deus-nos-livre! – melhora nos padrões de vida dos trabalhadores) tem de ser expungido, antes até de começar a gerar efeitos. 

Ao mesmo tempo, o Fed tem de equilibrar seus deveres antitrabalhadores com a função clandestina do sistema Fed, que é fazer chover sobre a classe investidora muito crédito com preços abaixo do definido no mercado, para ajudar aquela classe a burlar o sistema e embolsar os lucros mais escandalosos. Não se pode dizer que seja operação fácil de executar, mas o Fed já provou que está totalmente empenhado em superar o desafio.

A ideia de que o Fed – e, de modo geral, os bancos centrais – seria árbitro imparcial que serve ao interesse social e público ao definir taxas de juros e regular o sistema financeiro é provavelmente a mais sórdidas de todas as teorias-conspiração. 

O Fed/bancos centrais são não só invenção dos bancos e para os bancos: são também as instituições mais destrutivas em ação hoje nos EUA/no mundo. Basta considerar o aumento da insatisfação social, a instabilidade política e o aumento explosivo dos movimentos direitistas. Haverá ainda quem acredite seriamente que esses fenômenos [mundiais!] surgiram do nada, sem mais nem menos? Não. Todos esses 'eventos' são resultado da desigualdade crescente criada pela intervenção sempre maligna do Fed/bancos centrais, serviçais da organização nacional/universal dos bancos. 

Nada há de casual ou acidental no modo como a riqueza foi transferida de uma classe para a outra. Tudo foi concebido para enriquecer os poucos, com toda a massa da população deixada à deriva, vendo os salários encolherem, os custos de saúde aumentarem, os custos de educar os filhos explodirem, as dívidas pessoais escaparem de qualquer possibilidade de controlá-las, e os padrões de vida degenerarem rapidamente.

Examinem esse gráfico de Bloomberg que mostra com espantosa clareza o verdadeiro impacto das políticas pervertidas do Fed-EUA. 

Em vez de tentar persuadir os leitores de que o Fed é instituição essencialmente corrupta e odiosa, ameaça mortal a todos os homens, mulheres e crianças que vivem nos EUA, peço que os leitores examinem o gráfico abaixo e extraiam suas próprias conclusões. A questão que surge é clara:


O Fed definiu a política que melhor serviria aos interesses do povo norte-americano (que restaurasse o crescimento econômico e aumentasse o emprego)? Ou o Fed escolheu política que todos lá sabiam que maximizaria os lucros da classe investidora, à custa do restante da população dos EUA. Depois, você, o eleitor decide. 

(Fonte: Here’s One Chart That Captures the Debate Over Quantitative Easing [Eis o quadro que captura todo o debate sobre Alívio Quantitativo],Bloomberg)



Mais uma coisa: Quanto da cultura política [nos EUA, como no Brasil (NTs)] fracionada e cada vez mais polarizada é resultado de política econômicas e monetárias que intensificaram os sentimentos de desesperança na população? 

Os norte-americanos teriam eleito um demagogo de direita, se não estivessem tão completamente aturdidos, colhidos na tragédia da perda dos padrões de vida e da ameaça da miséria, a ponto de ir buscar remédio desesperado fora dos grupos que há séculos dominam a política nos EUA?

Nos EUA, já é impossível não ver que Donald Trump jamais seria presidente, não fosse a ação do Fed. Pensem sobre isso. [E no Brasil? Pode-se talvez dizer que o golpe de 2016 foi concebido e executado também para pôr no Banco Central quem lá está hoje? Quem é o nome que JAMAIS aparece na mídia, representante do banco que é o maior anunciante de TODA a mídia-empresa-BR ?! Cherchez o inimigo oculto aí, à vista de todos (NTs).]*****





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