segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Bancos centrais do G-7 perderam noção e rumo

8/9/2016,  Ariel Noyola RodríguezRT (esp.)Global Research, Canadá (fr.)

Entreouvido na Vila Vudu:

Se a situação é essa LÁ, onde o capitalismo de cassino de Wall Street, por pior que seja, ainda é capitalismo de primeira mão (é capitalismo senil terminal e de cassino e de desastre, mas, sim, é capitalismo de primeira mão), imaginem como está a coisa aqui no BRAg (Brasil do golpe),onde TODOS são artigo de segunda mão, em capitalismo sub-do-sub de Wall Street... 
[1]

Boa notícia é que Wall Street, à qual servem todos os golpistas do BRAg, deu chabu; a má notícia é q, com o golpe, o BRAg entramos em campo megaminado de chabu-de-segunda-mão. 



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Já não há dúvida possível de que está completamente esgotada a artilharia dos bancos centrais dos países industrializados para combater a crise. Reunidos no encontro anual rotineiro de Jackson Hole, os responsáveis pela política monetária ouviram, apavorados, o discurso da presidenta do banco Reserva Federal dos EUA, (Federal Reserve, Fed) Janet Yellen, a qual, em vez de afastar as dúvidas que cercam hoje a economia global, alimentou ainda mais o pânico: é impossível continuar a confiar em que a economia dos EUA será a locomotiva que que arrancará do baixo crescimento as nações industrializadas.

Às vésperas de se completarem oito anos da quebra de Lehman Brothers, os bancos centrais do Grupo dos 7 (G-7, composto de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) ainda não conseguiram que suas respectivas economias registrem crescimento superior a 3%. Num primeiro momento, a política monetária serviu como ferramenta poderosa para evitar uma depressão em escala mundial; hoje, contudo, está praticamente esgotada: os bancos centrais dos países industrializados não não nenhuma chance, só eles, de reverter o ciclo de queda da economia mundial.

A economia dos EUA mostra o quanto a política monetária "não convencional" fracassou redondamente no intento de resolver as sequelas mais graves da crise de 2008. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA a taxa de desemprego permaneceria muito próxima de 5% desde agosto de 2015.

Não obstante, dado que grande parte dos desempregados já deixaram de procurar trabalho ante a evidência de que não há trabalho, muitos dos atualmente empregados estão dispostos a trabalhar mais horas por dia para tentar assegurar a própria sobrevivência. Assim, o índice U-6 ("subemprego"), que considera desempregados e empregados em tempo parcial por motivos econômicos, continua estacionado em 9,7%, quer dizer, equivale a quase o dobro da taxa oficial de desemprego (4,9%).

Cabe destacar, além do mais, que a necessidade de gerar de empregos nos EUA não conseguiu converter-se, até agora, em incentivo efetivo para que os empresários aumentem significativamente os salários. Por isso a taxa de inflação continua abaixo de 2%, objetivo do Fed.

A queda dos preços do petróleo, apesar do impacto positivo no bolso das famílias norte-americanas, já que fez cair os preços da gasolina, nem por isso deixa de fortalecer as tendências deflacionárias as quais, vale lembrar, também já foram apontadas como causa da apreciação do dólar.

Assim, a esperança que os países do G-7 haviam depositado na locomotiva norte-americana para superar o baixo crescimento começa a se diluir. O discurso da presidenta do Fed, Janet Yellen, em finais de agosto em Jackson Hole, onde ano após anos as autoridades mundiais se reúnem para trocar ideias sobre os desafios que a economia mundial enfrenta, longe de espantar a incerteza, aumentou a desconfiança entre os bancos centrais.

Por um lado, fiel ao seu estilo, Yellen expôs o mesmo otimismo exagerado de sempre, voltou a dizer que o sombrio panorama econômico internacional não teria impedido os EUA de se encaminhar para o "pleno empleo". Mas por outro lado, paradoxalmente, Yellen não sugeriu, nem remotamente, que se deva esperar novo aumento na taxa de juros dos fundos federais (‘federal funds rate') na próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (ing. FOMC), a realizar-se ao final de setembro. A presidenta do Fed quis deixar claro que, embora o processo de recuperação da economía norte-americana continue a avançar, ainda não é conclusivo.

Por isso, embora o cenário de aumento da taxa de juros de referência pareça cada vez mais próximo, tudo indica que, se (e somente se) a economia continuar a evoluir positivamente, o segundo aumento do custo do crédito só acontecerá em dezembro, vale dizer, um ano depois do primeiro. É que para o governo de Barack Obama seria desastroso enfrentar novo terremoto financeiro nos momentos finais de seu mandato e a poucos meses das eleições presidenciais, situação que seria aproveitada pelo candidato Republicano, Donald Trump.

Seja como for, fato é que o Fed perdeu toda a credibilidade, tanto entre os bancos centrais do G-7 como no plano interno. Depois do descalabro que foi o mercado de trabalho em maio passado, as cifras de agosto estão longe de parecerem promissoras: o setor não agrícola acrescentou apenas 151 mil empregos (os aplicadores da Bolsa de Valores contavam com aumento superior a 180 mil empregos). 

Os multimilionários foram os mais beneficiados dessa suposta recuperação da economia dos EUA; são eles que, pela especulação na Bolsa de Valores, ganham fortunas graças às políticas de crédito barato do Fed. Enquanto isso, a renda só faz concentrar-se cada vez mais no 1% do topo, e cresce a insatisfação social.

Segundo pesquisa do Instituto Gallup em abril, apenas 28% dos norte-americanos mostra muita confiança nas políticas do Fed; e 35% confiam pouco ou não confiam. Diferente dos tempos de Alan Greenspan, quando a confiança que o Fed merecia dos cidadãos era superior a 70 pontos percentuais.

Os bancos centrais do G-7 perderam a noção e o rumo. Janet Yellen, em vez de oferecer respostas em que seja possível confiar para os graves problemas da economia mundial, novamente gerou ainda mais desconfiança e descrédito. 

Nos anos recentes, os bancos centrais dos países industrializados conseguiram que a economia mundial se viciasse completamente em acumular dívidas e nas operações de pura especulação (alto risco) nos mercados bursáteis, por isso é inevitável a eclosão de uma nova crise de dimensões colossais. É só questão de tempo. O grande perigo é que, dessa vez, os responsáveis pela política monetária já não conhecem nenhuma 'arma infalível' para combatê-la …***** 




[1] Boa síntese, que permite formar perfeita convicção de que, sim, tudo na economia brasileira pós-golpe CONTINUA a ser de 2ª mão, lê-se em Valor, 08/06/2016, matéria assinada por Edna Simão:
"O diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional, Otaviano Canuto, afirmou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pediu para que ele retornasse ao Banco Mundial. Com isso, segundo ele, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini [presidente do Banco Central quando Meirelles foi ministro de Lula], irá para o FMI. Com essa dança das cadeiras, Antônio Henrique Silveira, que atualmente está no Banco Mundial iria para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)". 

E Ilan Goldfajn, hoje no Banco Central, esteve no FMI nos governos tucanos (1996 e 1999) e foi diretor do Banco Central do Brasil entre 2000 e 2003, no 1º governo Lula [NTs].

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