quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Wall Street declarou guerra a Bernie Sanders

25/1/2015, William K. Black, New Economics Perspective

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Os bilionários de Wall Street estão literalmente enlouquecendo ante a possibilidade de Bernie Sanders vir a ser eleito presidente. Stephen Schwarzman – um dos seres humanos mais ricos e mais odiosos nesse mundo –, disse ao Wall Street Journal que uma das três principais causas dos recentes traumas financeiros globais teria sido o medo "que os mercados têm" de que Sanders venha a ser eleito presidente. 


Schwarzman é para sempre infame por causa da guerra que moveu contra as propostas do presidente Obama, de pôr fim à vergonhosa isenção de impostos sobre os chamados "carried interest" [aprox. "lucros carreados": refere-se à parcela dos lucros de fundo privado de investimentos, que os sócios recebem"]. Essa isenção permite que bilionários proprietários de fundos privados de ações, como Schwarzman, paguem taxa mais baixa de impostos que as secretárias que trabalham para eles. A ideia de Obama, de acabar com aquela isenção, foi, para essa gente, equivalente a "Hitler invadiu a Polônia."


Schwarzman e Pete Peterson são sócios na Blackstone, corretora privada de ações. Peterson comanda o serviço de tentar detonar toda a rede de seguridade social nos EUA. Seu maior sonho é privatizar a Seguridade Social, para, assim, acrescentar dezenas de bilhões de dólares aos ganhos de Wall Street. A corretora Blackstone é a principal acionista do Sea World, e foi nessa esfera que Schwarzman conseguiu ir além da imundície de comparar Obama a Hitler, e alcançou picos de vilania.

Quando uma orca matou o treinador, Schwarzman mentiu sobre os fatos e culpou o treinador pela própria morte, alegando que teria acontecido um "lapso de segurança – estranhamente, a própria vítima violou todas as regras de segurança que sempre mantivemos." 

O discurso atual de Schwarzman, segundo o qual os mercados financeiros estão em queda em todo o mundo por causa de Bernie Sanders, é mais um dos seus delírios de perversão doentia, mas, sim, mostra que a 'equipe' dos plutocratas está usando as armas mais pesadas do próprio arsenal. 

Os plutocratas de Wall Street – com boas razões – temem Bernie, não Hillary. De fato, chama a atenção o vigor e o quão assumidamente Wall Street tem demonstrado, usando a mídia financeira de repetição, que os muito ricos não têm qualquer restrição ao 'plano' de Hillary para Wall Street.

CNNCNBC e o Fiscal Times, sob manchetes como "Eis por que Wall Street pouco tem a temer de Hillary Clinton" – obedientemente repetiram o meme.

Michael Bloomberg foi o segundo bilionário de Wall Street a atacar Bernie essa semana. Bloomberg vazou para dúzias de veículos que estaria considerando candidatar-se à presidência. Os mesmos vazamentos explicavam que o motivo seria o medo que Bernie causa a Bloomberg. 

Bloomberg ganhou vergonhosa fama por organizar as prisões em massa que visaram a esmagar o movimentoOccupy Wall Street. Blommberg é Wall Street e assumidamente representava Wall Street como prefeito New York City.

O prefeito Bloomberg acusou hoje os manifestantes contra Wall Street de tentarem paralisar a economia da cidade.

"Querem é roubar os empregos de quem trabalha nessa cidade" – disse o prefeito, na mais dura crítica contra o movimento que se sustenta há três semanas e mobilizou a atenção do país.

O prefeito Bloomberg indignou-se com as críticas contra os banqueiros de Wall Street, acusados de participarem em todas as empresas mais criminosas do planeta. Bloomberg inventou então uma 'narrativa', pela qual os banqueiros seriam vítimas do Congresso. O Congresso deliberadamente empurrara os banqueiros a aceitar milhões em hipotecas fraudulentas e, na sequência, obrigou-os a vender também fraudulentamente os mesmo empréstimos podres para o mercado secundário. 


É versão completamente tresloucada, mas os bilionários de Wall Street tresloucam muito frequentemente. Vivem lá, cercados de 'mídias', empresários de mídias, jornalistas, 'analistas', 'especialistas', puxa-sacos em geral e políticos interesseiros que não se envergonham de tratar as ideias perverso-tresloucadas que ouvem por lá como 'coisa de gênio'. Bernie assusta toda essa gente.

Por que os bilionários de Wall Street odeiam Bernie? Paul Krugman, sem querer, revelou a resposta, em seu mais recente ataque contra Bernie.

Krugman argumentou que a chave para o que chamava de "o sucesso" de Obama seria ele não ter "quebrado" o "poder de Wall Street" sobre a economia e a democracia norte-americana. 

[O artigo foi publicado em português, no Brasil, no mesmo dia. Aqui, um dos agentes jornalístico-ovino-caninos repetidores de Paul Krugman é UOL Notícias (NTs)]. 

Mas, para horror de Krugman e de Hillary [e, com certeza, para horror também de toooooooooooooodo o Grupo GAFE, GloboAbrilFSPEstadão, no Brasil 8-D)))), NTs]), os eleitores Democratas, como os eleitores médios nos EUA compreendem perfeitamente bem:

(1) que o poder absoluto e 'inquebrável' que os bilionários de Wall Street ainda têm sobre nossa economia e todo o nosso sistema político é a causa que nos empurrou para o pântano de um capitalismo de corrupção e de compadrio. E que

(2) é essencial quebrar aquele poder, para retomar a nação norte-americana para os seus cidadãos.

Pesquisas feitas por cientistas políticos revelam o controle profundo e amplo que os bilionários de Wall Street têm, na prática; e a evidência de que os muito ricos nos EUA têm, sobre as políticas públicas chaves, visão espantosamente discrepante, se comparada ao que pensa o povo nos EUA. Mais especificamente, os 1% são excepcionalmente hostis à assistência pública à saúde e empenham-se encarniçadamente contra qualquer lei ou ação que proteja os mais pobres, contra a predação dos mais ricos. 

Não dão qualquer sinal de preocupação com problemas como mudança climática global, mas estão enlouquecidos com dívidas, déficits e inflação, mesmo nas profundas da Grande Recessão.

A dominação de nossa economia pelos plutocratas, e as incontáveis violências contra nossa democracia levaram a décadas de políticas terríveis construídas para garantir que fracassem todas e quaisquer medidas de regulação financeira. E aquelas políticas esmagaram a classe média e jogaram os pobres em situação de desgraça.

Leiam o novo livro de Tom Frank 

Leiam o novo livro, que já é sucesso nacional, de Tom Frank sobre a história escandalosa da aliança dos "Novos Democratas" com os plutocratas de Wall Street. 

Leiam, para começar, as passagens em que se narram os vergonhosos esforços de Bill Clinton, num negócio dos mais sujos com New Gingrich, para dar início à privatização da Seguridade Social e transferir dezenas de bilhões de dólares a mais, do povo norte-americano, para Wall Street; e pôr nossas aposentadorias em risco.

[ATENÇÃO: Quem fale em "vergonhosos esforços de Bill Clinton para privatizar" fala de vergonhosos esforços de Fernando Henrique Cardoso para privatizar. É só ler/reler A PRIVATARIA TUCANA (NTs)]

Só por essas páginas, o livro de Tom Frank já vale o que custa.

Ninguém precisa esperar por pesquisas para saber que Bernie, sim, está indo muito bem em sua campanha: basta prestar atenção na fúria crescente dos bilionários, a espernearem contra ele.*****